Geme insolente!
Geme insolúvel!

Gema
Insolação

Que cor tem?

Se não enxerga,
Berra, berra
Dá pata d´água,

Cura a ceguice com
Espelhaçado veneno
Quebra o líquido com a mão

Estridente
fio
gengiva
desfere sorrindo
hálito acre
hábito fácil
gosto terno
colgate

transcorre
corre traduzindo as falas orais
em , corrimãos
abertamão
aperta

Próximo!
mais próximo
chega, terceira linha.
agora, agüente

água ardente,

eu sei
sim,

Pois não.

nosfalgia

nasceu uma flôr branca, anêmica, noivinha, anjo-da-noite, pomba-de-raiz. Vários foram os apelidos pra plantaespiritosanto. Trataram-a de diversas formas, como doença, praga de fungo e de defunto, nova espécie mato- atlântico, magia das fadas da Hilda, milagre de São Florêncio. Minha flor não era rosa, margarida, nada disso. Era grande, e não era singela, era desajeitada com pétalas demais que pareciam pesar o caule. Até parece flôr que o Carlos pode ter visto, ou os desbocamentos hematopoéticos metaforicariam em bucetas.
Depois foi murchando,mas também murchou estranha espalhando um cheiro de coisa morta, nem mosquito quis pousar. Isso ai, dizia Cecí, é coisa para diabo botar o rabo!
Engraçado essa coisa de botar o rabo do diabo por toda a parte, dá até um pouco de dó. Então um menino com chuteira rasgada, pegou as pétalas, jogou água na flôr. Enfim, ele entendera que a flôr desabrochara e resto que pense que pecara.

canteiro de construção

duas fotos
um desenho
e uma página da enciclopédia biodiversidade




Vil uvez


quero ser viúva do mundo
             -dizem,é fácil se comportar assim.

quero que repare no meu estado metamórfico
não sou leve
apesar da minha estrutura óssea expressar o contra
peso, peso como pálpebras cansadas
seus ombros não conseguem me carregar
me arrasta
então
pelas vias drummondianas
soando um tango argentino
um filme do Babenco
prostitui minha figura de giz seco
nas páginas que você usa para abafar
seu cheiro destilado

(só estou tentando te situar, na minha situação)

se não quiser, fuja
não tentarei decifrar seu dialeto pichado
mas sou compreensiva para uma psicotrágica
reconheço seu nome
e que você não quer fama
mas difamar o estatuto do bem-ou-amar.

memórias destacáveis de um rolance

*Leia antes de dormir, se não for dormir, então leia outra coisa. Depois me descanse debaixo da cama,

Aprendendo a enxugar a língua
começo a passar minhas pupilas dilatadas por seu vulto,
Sem tentar traduzir as sombras das luzes
sem querer analisar a surdez do escuro

estou ficando cada data mais cega, por impaciência
ocular
de acumular resíduos de poeira nebulosa na cristalina do olho esquerdo
de pouco não te enxergo com o braço embaixo do braço
nem a prosa portulega que me trouxeram embalada em gazes

Quase não falo, não me comunico com ninguém
ondas só me chegam para mudar o ciclo
intensidade sanguínea e ovular
dá voltas, amarra a garganta , entorpecente
entope a mente

Minha paz morre atropelada pelo fusca
posso usar as palavras de outrem?
não sem as devidas refinências.
onde bota isso?
choca de provérbios

Já disse, que minha lucidez
está voltando com a mudez
Não piro, não miro, não atiro
Acento, atento, ao
menos móvel de todos os
sentimentos
o mais nobre dos pensamentos,
que não te traem
não te deixam
não te sugam
nem se quer te observam muito
apenas levanta-se no meio da madrugada
olha, e sabe
nunca, foi igual a ninguém.
Conheço as outras presas selvaginescas
sei que elas talvez atendam ou não o seu chamado
Você ainda esta ai?
tututututututututu

Ignoro que não se possa agarrar um calcanhar,
sou feito miçanga
fez conta
me conto.


a gente se repete nos mesmos lugares-comuns


foto do meu pai. Sem data, sem nome. Só sei que é dele. Não sei se ele aparece nela, ou se foi ele que tirou. Fico em duvida. Ele poderia ser esse moço magro, passando atrás do menino. Ele leva na mão algo que parece um buquê. Flores! Flores para quê?Podia ser um agrado intencionado para a moça do 312, ou poderia ser aquelas flores benzidas, cheirando a alfazema, que leva pra tia-avó. olhando para o outro lado. Ele poderia ser o fotografo, ou ele poderia até ser o menino segurando os balões,como quem quase voa. Foi dai que percebi que meu pai eram todos, até a moça de cabelo loiro ali atrás, meu pai feminino. 
Enquanto isso esses bancos de igreja colocados assim na rua me fazem lembrar , lembrar o que mesmo?

ah, esqueci a frase de efeito.

A convulsão escrita e outras pantanosas experiências

Começo sempre de um lugar, que antes era inconsciente de existir.
Título, que nem sempre vai permanecer coerente ao texto, mas que por fim, pode ter sido o começo. -nunca prestei atenção nas aulas de redação, nem muito nas outras, enfim. Nem mesmo sei pra que presta uma virgula no lugar comum, senão fora dele.

Então, ao invés de papel, ao invés de esboço, faço do original-esboço, um esboço-final.
Mas não era disso que vinha falar, só falei porque a ideia do título me veio na cabeça, assim que abri essa página boba de postagem, que deixam a gente pressionada a escrever. Mas gosto disso, assim venço aos poucos a inercia.

Assisti um filme que como se diz nos artigos criticólogos é, sen-so-ri-al. Se preocupava em narrar através do som o ambiente em que se está. E o som que ouvimos na sala de TV-grande, é do mesmo material ondular que lá fora ouço os sons naturais.
Sempre me lembro do professor de física tentando me explicar que no vácuo não tem ondas sonoras (aquelas em forma de mola?), mas tem ondas luminosas (a do Sol, os raios solares, e então paro para ver um chiclete na cadeira que quase gruda no cabelo verde da menina da frente). Por isso deduzi que o filme mudo, era feito no vácuo. Só pode ser, Chaplin, era o melhor ator-diretor do vácuo. Palmas, palmas inaudíveis.

O filme era em uma cidade-pântano, clima úmido e quente, chovia, chovia e etceterá. Os adultos viviam embriagados, e as crianças viviam muito próximas, encostando corpo uma n´asoutras. De roupa de verão, biquini, sem camiseta. Iam caçar animais que morriam no pântano, caçar naquelas porque eles já estavam mortos. Nadavam e se enrolavam na lama.

Quando sai, da sala de onde estava assistindo, a chuva, que antes estava chovendo, tinha parado. O clima abafado e úmido do vaporzinho do asfalto que sobe pelos pés, e o cheiro da grama e da folhas. Os sons, que eu ouvia eram as mesmas ondas sonoras que eu ouvia no filme, mas não eram dramaturgicamente pensadas a não ser que assim eu as quisesse.

ai, cansei, isso nem é um texto crítico, resenha filmografa, nada nada....não tem serventia . Mas se quiserem o filme é o Pântano, da Martel a Lucrécia.