não quero aprender inglês

Aqui jaz um mudo
Que de tão surdo
Não ouviu o coração
Que parou
Aqui já foi tudo
Abridor de lata
Escritor de western
Vendedor de enciclopédia.
Aqui seu jazz
Fincou igual ancora
De navio de casco podre
aqui já quis
Mulher de bandido
Licença médica
E poética
Pra angariar fundos
E fundar um banco

De jardim.

pra a(prender) a língua dos portoiguais


                        Crônicos são os
Sintomas                                     
                          dos cronistas
Sintaxe
                           da matemática da grama

Sintonia
                           das palavras

Síntese
                            dos sentimentos num corpo

Sinestesia
                             expressão dos sentidos em palavras

Simbologia 
                             primeira sílaba de simbolo

Sim
                              engana-se quem acha que é antítese de não.

Paletó de sapo é casaca de minhoca

já dizia minha tia.
Vim pra voltar
Fui pra ir
Esqueci por não lembrar
De ti pra tu
De mim pra eu
É tudo igual ao todo
Enfim no fim
Acabou de começar .


Expansão do mundo ou Desilusão

II
Pin




                  Tunnnnnnn
   


Tchitchi
             





Plin



                                          Dunch







Crcrcrcr



Zannnnn
                                                                       
                                                               Innnn


Unnnnnnnn





                     (como assisti John Cage)

visionários

aqui posso fazer o que quiser
aqui posso fazer o que                         podia
aqui posso fazer                                     sem agonia
aqui posso                                                      viver
aqui                                                                    alegria
a                                                                                    lérgica

                                                                                                          lírica

Igual lenda que mãe conta, sem mãe


                                              

Conheci num dia de minha vida, que me atrapalhava pelos caminhos sempre secos do Sertão. Conhecia-a sem que fosse preciso nos apresentar. Estava com sede, e com muita fome. Estava perdido, e posso me arriscar a dizer, estava morto de sede e fome. Foi quando essa moça apareceu. Não sei falar se era bonita ou não. Só sei que o movimento de seu corpo me fez lembrar água, e pensei se eu poderia bebê-la.

Pensei que iria se assustar comigo, pois pedia ajuda ajoelhado no chão puxando sua saia longa e rota. Mas com a voz mais cândida desse céu agridoce ela me disse que não podia me ajudar.

Colocou seus olhos no homem agonizante que se estendia pelo chão. 
Ele os olhou firmemente, e no fundo dele entregou a resposta. Descobriu muita água,e muita comida. De traz dos olhos dela, podia bebê-la se quisesse e possuí-la depois. E foi buscar dentro dos olhos dela esta resposta. E acabou por se afogar no deserto.

Moça Caetana ao contrário do dizem, não é má.Viver é um direito desigual, morrer um direito natural. Moça Caetana, apazígua a dor,o sofrer. Nos conforta, pois em nossa ultima visão do mundo vemos o que desejamos. E depois ela nos esquece e nós também.

Já estava decidido eu ia excluir. Excluir todos esses textos, velhos , encardidos, débeis e primitivos.
Era isso, rasgar páginas amarelas, e começar pelo começo daquilo que eu deixei de ser para ser o que futuramente espero ser...

Para desencargo, reli os textos, pobres textos, meus eu sei, me vi agora com óculos redondos,grossos igual tampa de garrafa, vinte quilos do lado esquerdo e vinte do direito. Um chá light do lado, vários livros empilhados e empoeirados. Velha mesmo, mas no bom e no mal sentido. Lendo desdenhando, cuspindo nas páginas que pariu. Orgulho? Ah que belezinha de rima, tão, tão fácil e barata. Mas eu nunca quis vender. Que importa? Quem se importa. Eu devia ter apagado tudo quando tive oportunidade.

das outras vezes também tive o mesmo problema. Não consigo, já não sou mais apenas o que fui,mas continuo sendo . Por isso não é fácil rasgar papéis, ainda mais papéis carregados, pesados, carimbados.
Sei que falo no sentido figurado, mas se fosse de outro jeito acharia chato. Acho que foi o Rubem Braga que disse que a melhor coisa é escrever quando não se tem assunto nenhum. Como agora, nenhum assunto eu tenho, igual quando dois amigos falam, falam, terminam rindo e paira aquele silêncio que não constrange porque é bem vindo.

  Agora mesmo não tenho mais nada pra falar, mas me sinto numa quase obrigação, ou melhor uma       necessidade pessoal de terminar falando sobre algum assunto por menos relevante que seja, não quero dormir sem dizer, o quanto eu queria ser feita
                                                                                    de plástico bolha, pronto é isso.